Objetivo do artigo é reler a importância do movimento neo-realista na trajetória da revista Itinerário, considerada a principal porta de acesso da vanguarda literária em Moçambique na década de 40 e 50. Entre os fluxos culturais exógenos que se entrelaçaram no periódico, o Neo-Realismo teve particular destaque, marcando as páginas de reflexão crítica e literária logo a partir dos primeiros números. No início dos anos 40, os artigos de reflexão estética darão conta da oscilação entre presencistas e neo-realistas, seguindo a curta distância as polémicas surgidas em Portugal (o debate arte pura/arte social, as acusas de umbilicalismo…). Entre 1945 e 1950, em sintonia com uma fase mais engajada do ponto de vista político e ideológico, o interesse do Itinerário para com o movimento se tornará ainda mais forte; diferentes tipologias de conteúdos serão divulgadas: resenhas, entrevistas, homenagens a autores, excertos de contos, poemas. Se, na primeira fase, tinha-se portanto registado o “despertar consciente de uma nova geração”, nesta segunda etapa serão os seus ideais e espírito de resistência a traçar o caminho para o processo de formação literária e a conscientização identitária nacional/anti-colonial da nova geração de autores moçambicanos.

A revista Itinerário e a recepção do Movimento Neo-Realista em Moçambique / Ada Milani. - STAMPA. - (2024), pp. 107-128.

A revista Itinerário e a recepção do Movimento Neo-Realista em Moçambique

Ada Milani
2024

Abstract

Objetivo do artigo é reler a importância do movimento neo-realista na trajetória da revista Itinerário, considerada a principal porta de acesso da vanguarda literária em Moçambique na década de 40 e 50. Entre os fluxos culturais exógenos que se entrelaçaram no periódico, o Neo-Realismo teve particular destaque, marcando as páginas de reflexão crítica e literária logo a partir dos primeiros números. No início dos anos 40, os artigos de reflexão estética darão conta da oscilação entre presencistas e neo-realistas, seguindo a curta distância as polémicas surgidas em Portugal (o debate arte pura/arte social, as acusas de umbilicalismo…). Entre 1945 e 1950, em sintonia com uma fase mais engajada do ponto de vista político e ideológico, o interesse do Itinerário para com o movimento se tornará ainda mais forte; diferentes tipologias de conteúdos serão divulgadas: resenhas, entrevistas, homenagens a autores, excertos de contos, poemas. Se, na primeira fase, tinha-se portanto registado o “despertar consciente de uma nova geração”, nesta segunda etapa serão os seus ideais e espírito de resistência a traçar o caminho para o processo de formação literária e a conscientização identitária nacional/anti-colonial da nova geração de autores moçambicanos.
2024
978-989-566-479-5
O Neo-Realismo e as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
107
128
Ada Milani
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